A parceria entre pontos Livelo para Etihad Guest frequentemente chama a atenção dos viajantes brasileiros com promoções de transferência bonificada, como a atual que oferece 40% de bônus. A pergunta que sempre surge é: vale a pena transferir? A resposta, como descobrimos em uma análise profunda, é um surpreendente “depende drasticamente da cabine que você escolhe”.
Usando como estudo de caso um voo real entre Lisboa e Munique, operado pela parceira Lufthansa, revelamos como essa transferência pode ser um dos piores negócios para quem busca um assento na Classe Econômica, mas, ao mesmo tempo, uma das jogadas mais inteligentes e econômicas para garantir um lugar na Classe Executiva. Este artigo detalha os cálculos, compara os custos e mostra por que, no mundo das milhas, a estratégia é a verdadeira chave do jogo.
Quiz da Viagem: Qual o item mais caro já resgatado com pontos de fidelidade?
Você sabia que programas de fidelidade vão muito além de passagens aéreas? Já foram usados para resgatar desde ilhas privativas a voos espaciais. Mas qual foi o “produto” mais caro já adquirido com pontos? Um carro de luxo, uma estadia de um mês em um hotel 5 estrelas ou um voo de volta ao mundo na Primeira Classe? A resposta está no final deste artigo.
A Armadilha da Paridade: Livelo para Etihad Guest vale a pena?
Antes de comparar os custos, é crucial entender a matemática por trás desta parceria. A promoção oferece um bônus de 40%, o que parece excelente. No entanto, a taxa de conversão, ou paridade, é de 3.5 pontos Livelo para cada 1 milha Etihad Guest. É essa paridade elevada que pode transformar uma aparente vantagem em trocar 6 por meia dúzia.
Para o nosso estudo de caso, usamos um custo de R$ 32,90 para cada 1.000 pontos Livelo (valor promocional comum para assinantes do clube). Com base nisso, vamos ao campo de prova.
O Duelo das Cabines: Lisboa para Munique
Analisamos o custo em pontos e em dinheiro para um voo direto entre a capital portuguesa e Munique, na Alemanha. A emissão é feita via Etihad Guest para voar com sua parceira, KLM Royal Dutch Airlines. Os resultados são impressionantes.
Classe Econômica: O Prejuízo de Usar Pontos
Para emitir um trecho na Classe Econômica, são necessárias 15.000 milhas Etihad Guest.
- Custo com Pontos: Para obter as 15.000 milhas, considerando o bônus e a paridade, é preciso transferir 38.000 pontos Livelo (arredondando para o milhar mais próximo). O custo para adquirir esses pontos é de R$ 1.250,20.
- Custo em Dinheiro: Uma pesquisa no mesmo voo mostrou o valor da passagem em R$ 741,00.
Resultado: Voar com pontos na Econômica custaria R$ 509,20 a mais do que simplesmente comprar o bilhete. Neste cenário, a transferência de pontos não há vantagem.
Classe Executiva: A Jogada de Mestre das Milhas
Agora, o outro lado da moeda. Para o mesmo voo, a Classe Executiva exige 30.000 milhas Etihad Guest.
- Custo com Pontos: Para alcançar as 30.000 milhas, a transferência necessária é de 75.000 pontos Livelo, o que representa um custo de aquisição de R$ 2.467,50.
- Custo em Dinheiro: A mesma passagem, quando comprada, tinha o valor de R$ 4.704,00.
Resultado: Aqui, a mágica acontece. A emissão com pontos gera uma economia espetacular de R$ 2.236,50. O custo da passagem em Executiva cai praticamente pela metade.
Tabela Comparativa: A Decisão em Preto no Branco
Para não deixar dúvidas, a tabela abaixo resume o resultado da nossa análise.
| Cabine | Custo da Passagem em Dinheiro (R$) | Custo de Aquisição com Pontos (R$) | Resultado Final | Veredito |
| Econômica | R$ 741,00 | R$ 1.250,20 | Prejuízo de R$ 509,20 | PÉSSIMO NEGÓCIO |
| Executiva | R$ 4.704,00 | R$ 2.467,50 | Economia de R$ 2.236,50 | EXCELENTE NEGÓCIO |
Perguntas Frequentes (FAQ)
- Por que a Classe Econômica se tornou tão cara com pontos?Devido à paridade de 3.5 para 1. Mesmo com 40% de bônus, a quantidade de pontos Livelo necessária é tão alta que o custo de aquisição supera o valor de uma passagem barata.
- Então o bônus de 40% não serve para nada?Pelo contrário, ele é essencial. Sem o bônus, a emissão na Executiva também não valeria a pena. O bônus ajuda a “mitigar” a paridade ruim, tornando viáveis os resgates de alto valor.
- Posso usar essas milhas Etihad para voar em outras companhias?Sim. A grande vantagem do Etihad Guest é sua vasta rede de parceiras, que inclui American Airlines, Air Canada, ANA, entre outras, oferecendo diversas oportunidades de resgate pelo mundo.
- O cálculo desconsiderou as taxas de embarque?Sim. Para uma comparação direta entre o custo de aquisição do bilhete (pontos vs. dinheiro), optamos por isolar o valor das taxas, que seriam pagas em ambos os cenários.
- Essa regra vale para todos os voos?Este é um estudo de caso, mas a lógica se aplica de forma geral. A transferência Livelo-Etihad tende a ser vantajosa para resgates em cabines premium (Executiva/Primeira Classe) e em parceiros, onde o custo em dinheiro é muito alto. Para voos econômicos de curta distância, raramente será um bom negócio.
Resposta do Quiz: Embora seja difícil cravar um único recorde, um dos resgates mais famosos foi o de um blogueiro de viagens que usou milhões de pontos para montar um roteiro de volta ao mundo exclusivamente na Primeira Classe de diversas companhias, um produto cujo custo passaria facilmente de 100 mil dólares, superando o valor de muitos carros de luxo.
Use Pontos Como um Investimento, Não Como um Desconto
A análise deste voo entre Lisboa e Munique é a prova definitiva de que pontos e milhas são uma ferramenta de estratégia, não um simples cupom de desconto. Transferir pontos sem um objetivo claro ou sem comparar os custos pode levar a péssimos negócios, como pagar mais caro por um assento na econômica.
Por outro lado, com planejamento e foco em produtos de alto valor agregado, como uma passagem em Classe Executiva, a mesma transferência se transforma em uma oportunidade de ouro para ter acesso a experiências de viagem que, de outra forma, seriam muito mais caras. Portanto, antes de clicar em “transferir”, faça as contas. Seus pontos são valiosos demais para serem usados no negócio errado.
Sobre Luiz Carlos Jr
Luiz Carlos Jr é editor da Revista Vertical Plus há mais de seis anos e apaixonado por explorar o mundo, criando conteúdos sobre destinos turísticos, experiências culturais e dicas de viagem para leitores que buscam viajar mais, melhor e mais barato. Formado em Matemática, combina precisão e planejamento para mostrar como viajar pode ser seguro e acessível. Para ele, cada viagem é uma oportunidade de viver melhor e ampliar horizontes — e um ótimo lugar para investir seu dinheiro.