CNH sem Autoescola? Governo Avalia Fim da Obrigatoriedade, e Proposta Racha Opiniões; Entenda a Polêmica

Já imaginou tirar sua carteira de motorista sem precisar pisar numa autoescola? O que parece um sonho para muitos brasileiros que consideram o processo caro e burocrático, virou o centro de um debate que esquentou em Brasília em julho de 2025. O Governo Federal, através do Ministro dos Transportes, Renan Filho, confirmou que está na mesa de estudos a possibilidade de acabar com a exigência das aulas em Centros de Formação de Condutores (CFCs) para obter a CNH. A ideia? Baratear e simplificar o acesso à habilitação, permitindo que um instrutor particular “de confiança” prepare o candidato. Mas a reação foi imediata e forte. Especialistas e representantes das autoescolas alertam para o que chamam de “o maior retrocesso na história do trânsito brasileiro”, levantando uma questão crucial: a economia no bolso pode custar vidas nas ruas?

Adeus, aulinhas de baliza? A proposta que mexe com o bolso e o futuro do trânsito.

Vamos direto ao ponto: tirar a CNH no Brasil não é simples nem barato. Envolve uma maratona de exames médicos, aulas teóricas, simulador, aulas práticas e, claro, as temidas provas final. Um processo que, dependendo do estado, pode facilmente ultrapassar os R$ 3.000. É pensando nisso, nesse custo que pesa no orçamento de milhões de brasileiros, que o governo Lula resolveu colocar o dedo na ferida.

A proposta, ainda em fase de “estudo”, como fez questão de frisar o ministro Renan Filho, é ousada e mexe com uma estrutura que existe há décadas. A ideia central seria desobrigar o candidato a se matricular em uma autoescola. Em vez disso, ele poderia ser treinado por um motorista experiente – talvez o pai, a mãe, um amigo – que atuaria como seu tutor.

Imagens Ilustrativas – Direitos Reservados Trend Brasil

Mas calma, isso não significaria o fim dos testes. Pelo contrário. A proposta sugere que as provas teórica e prática, aplicadas pelos Detrans, seriam mantidas e, possivelmente, até mais rigorosas. A lógica do governo é: se o candidato provar que sabe dirigir com segurança e conhece a lei, por que obrigá-lo a passar por um caminho único e caro? Para o ministro, a mudança poderia “facilitar a vida do cidadão”, tornando a CNH mais acessível, especialmente para a população de baixa renda que muitas vezes depende da habilitação para conseguir um emprego. A pergunta que o governo joga no ar é: o modelo atual é realmente sobre segurança ou virou uma reserva de mercado?

“Um retrocesso que custará vidas”: O grito de alerta das autoescolas.

Do outro lado da pista, o freio foi acionado com força total. Para Magnelson de Souza, presidente da Associação Brasileira das Autoescolas (Abrauto), a simples sugestão de acabar com a obrigatoriedade é um pesadelo. Em entrevista à CBN, ele não mediu palavras: “seria o maior retrocesso na história de trânsito do nosso país”. A fala dele ecoa o sentimento de todo um setor que se vê como guardião da formação de condutores.

O argumento principal é um só e é muito forte: segurança. Segundo Souza e outros especialistas, a autoescola não ensina apenas a passar marcha e fazer baliza. O processo pedagógico, defendem eles, é muito mais complexo. Envolve aulas sobre legislação, direção defensiva, primeiros socorros, mecânica básica e noções de meio ambiente. Quem garantiria que um “instrutor de confiança” teria o conhecimento e a didática para passar todos esses conceitos fundamentais?

A preocupação é que a mudança crie uma geração de motoristas “aprovados, mas não preparados”. Pessoas que talvez saibam manobrar um carro, mas que não têm a menor ideia de como reagir em uma situação de aquaplanagem, o que fazer ao se deparar com um acidente ou quais são os seus deveres como cidadão no trânsito. O alerta é claro: o barato sairia caro, muito caro. O custo da economia seria medido não em reais, mas em um possível aumento no número de acidentes e mortes, que já são alarmantes no Brasil. A provocação das autoescolas é direta: estamos dispostos a trocar vidas por uma CNH mais barata?

Segurança vs. Acessibilidade, o Cruzamento do Futuro

A discussão está longe de um ponto final. De um lado, a necessidade inegável de tornar a CNH mais acessível a todos. Do outro, o temor justificado de precarizar a formação e colocar mais riscos nas ruas e estradas. A proposta do governo abre uma caixa de Pandora e força a sociedade a encarar um dilema: é possível reformular o sistema, tornando-o mais barato, sem sacrificar a qualidade da formação e, consequentemente, a segurança de todos?

Ainda não há respostas definitivas. O governo promete aprofundar os estudos, enquanto o setor de formação de condutores se mobiliza para defender o modelo atual. Uma coisa é certa: a rota para a CNH do futuro está em debate, e qualquer decisão exigirá uma manobra cuidadosa para não derrapar em uma das curvas mais perigosas que existem: a da segurança no trânsito. A discussão está na mesa, e o sinal, por enquanto, está amarelo.

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Resistência das autoescolas e o futuro do setor

Com 15 mil autoescolas no Brasil, o setor já se mobiliza contra a mudança. A Feneauto promete judicializar a proposta, alegando que autoescolas são essenciais para a segurança viária. “As empresas vão continuar, mas só as mais eficientes sobreviverão”, diz Renan Filho, prevendo resistência. Usuários nas redes sociais estão divididos: alguns celebram a economia, enquanto outros temem um “liberou geral” no trânsito. Comentários no site da Folha mostram apoio à ideia, mas também críticas, como “só no Brasil se acha que autoescola é máfia”. Quem está certo? A resposta pode vir com os primeiros resultados, se Lula der o aval.

Editorial

A proposta do governo Lula de acabar com a obrigatoriedade das autoescolas é um divisor de águas. De um lado, promete baratear a CNH, incluir milhões de brasileiros e impulsionar a economia. De outro, levanta alertas sobre a segurança no trânsito, com autoescolas prevendo mais acidentes e mortes. O equilíbrio entre acessibilidade e formação de qualidade será o grande desafio. Enquanto o plano aguarda a decisão de Lula, o Brasil debate: é uma revolução para jovens e trabalhadores ou um risco para ruas já caóticas? A resposta está nas mãos do governo – e nas ruas, onde os novos motoristas vão dirigir.

Fontes:

https://www.gov.br/planalto/pt-br

https://g1.globo.com/

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